quinta-feira, 1 de maio de 2014

QUE MORRO POR MEU PAÍS


Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
O vento cala a desgraça
O vento nada me diz

Pergunto aos rios que levam
Tanto sonho à flor das águas 
Os rios não me sossegam
Levam sonhos deixam mágoas

Levam sonhos deixam mágoas
Ai rios do meu país 
Minha pátria à flor das águas
P'ra onde vais ninguém diz

Se o verde trevo desfolhas
Pede notícias e diz
Ao trevo de quatro folhas
Que morro por meu país.




Trova do vento que passa
Poema: Manuel Alegre | Música: Alain Oulman
Voz: Amália Rodrigues 
in "Com Que Voz", Março 1969


Xisto | Brinquedos tradicionais 
"Pião patriótico", déc. 1970
madeira pintada, cordel, metal
©  CRO|XISTO|BT

2 comentários:

  1. Ouvir a voz de Amália atravessar o Xisto é uma experiência nova. E bem a propósito, voz e poema trágicos, evocando tempos difíceis, a "pátria à flor das águas". Ainda para mais, sabendo que Amália nasceu na Beira Baixa.

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  2. Não sei se Amália nasceu na Beira Baixa ou em Lisboa, na Rua Martim Vaz, onde uma placa identifica a casa onde ela terá nascido. De qualquer modo, toda a sua família era da Beira Baixa, facto que ela sempre referia em palco, quando cantava "Quando eu era pequenina", em Amsterdam, Bruxelas, Roma, NYC, Paris, Lisboa, etc, etc. É de referir que esta incomparável interpretação da "Trova do Vento Que Passa", de Manuel Alegre (poeta que escreveu expressamente para ela diversos poemas que ela cantou em alguns discos célebres), foi gravada cinco anos antes do 25 de Abril.

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