terça-feira, 22 de julho de 2014

NINHO

Os pássaros habitam a Natureza e vêem-na de cima para baixo, coisa que está interdita a muitos outros animais. Porém, antes da necessária aprendizagem das técnicas de voo, os passarinhos precisam de um habitat estável onde crescer em segurança. Para isso os progenitores constroem-lhes um berço vegetal na bifurcação dos ramos das árvores. 
Observemos o engenho posto na construção de um ninho: pequena peça de arquitectura ou de designperfeita "Obra da Natureza", respeitando ao máximo o meio ambiente e os recursos naturais. Se os humanos seguissem o exemplo da passarada, certamente viveríamos todos de um modo mais equilibrado e, quem sabe, mais feliz. Mas as coisas são o que são. Aos humanos é dada a capacidade que os distingue de todos os outros seres vivos, de (re)criar o mundo, de transformar a natureza - para o melhor e para o pior - coisa que não se espera das aves. 

O ninho de melro que aqui se mostra foi descoberto num sobreiro, durante os trabalhos de limpeza e poda de uma área de bosque dos Jardins do Xisto, tendo ajuda voluntária de Verónica, a mais jovem amiga dos jardins e recente leitora atenta do nosso blog, a quem dedicamos este texto ilustrado.


> Xisto | Obra da Natureza
Ninho de melro descoberto no Bosque Fundeiro, 
 Jardins do Xisto, Silveira dos Limões, Julho 2014
entrelaçado de matérias vegetais
©  CRO|XISTO|ON

segunda-feira, 21 de julho de 2014

GARDÉNIA


Diz-se da gardénia (Gardenia jasminoides) que as suas flores brancas, além de belíssimas, têm um dos perfumes mais sofisticados que a natureza pode oferecer ao nosso olfacto. É igualmente um arbusto de bela folhagem perene, intensamente verde e brilhante. 

Oriunda da Ásia, sabe-se que a gardénia já era cultivada na China na Dinastia Song (960-1207 AD), sendo desde então representada recorrentemente na arte clássica chinesa. O Imperador Huizong (Zhao Ji, 1082-1135), um dos líderes mais destacados desta dinastia, homem culto e coleccionador de obras de arte, interessado pela natureza e pela construção de jardins de rocha, foi ele próprio um grande pintor e poeta. É-lhe atribuída a obra Gardénia e lichias com pássaros (v. "Gardenia and Lichee with birds", British Museum, Londres).  

Para os Jardins do Xisto foi transplantada uma das duas gardénias que existiam no pátio cá de casa, mas ela não gostou do novo sítio, talvez excessivamente agreste, ou não gostou das companheiras autóctones, talvez selvagens demais para os seus delicados hábitos, e acabou por secar. Quanto à outra gardénia, a que permanece no recato do pátio, continua a florir.  


> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Gardénia junto ao muro de xisto do pátio, 
Silveira dos Limões, Junho 2011
fotografia digital
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)

terça-feira, 15 de julho de 2014

AGAPANTO


O agapanto (Agapanthus africanus), de acordo com a etimologia, é a flor-do-amor (do grego ágape = amor + anthus flor). Embora originário do continente africano, mais precisamente da África do Sul, daí ser também conhecido por lírio-africano, deve o seu nome científico a uma antiga tradição clássica associada ao ramo de noiva, em que o ágape, simbolizando a pureza feminina e o amor espiritual, antecede o eros, outra palavra grega, que designa o desejo e o amor carnal. Terá sido cultivada na bacia do Mediterrâneo, ainda na Antiguidade, sendo hoje frequente em jardins do mundo inteirograças à sua capacidade de adaptação a diversos climas e solos.

Pelo segundo ano consecutivo, estas extraordinárias plantas floriram nos Jardins do Xisto, entre cevadilhas, limonetes, carquejas e alecrins, tendo por "tecto" um belo pinheiro bravo. Qualquer delas exige muito pouco dos jardineiros, não precisa de regas regulares nem de mimos constantes, como muito bem salienta o amigo Rafael, no seu Jardim Autóctone (Armamar, Trás-os-Montes). A propósito, propomos ao leitor uma visita virtual a este santuário da jardinagem autóctone na blogosfera portuguesa.


> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Agapantos brancos dos Jardins do Xisto, 
Silveira dos Limões, Junho 2014
fotografia digital
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)

sexta-feira, 4 de julho de 2014

PARA SER GRANDE





>
“ Para ser grande sê inteiro: Nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda 
Brilha, porque alta vive. 


> Leituras num banco de jardim | Citação 8
Ricardo Reis (Fernando Pessoa, 1888-1935), Portugal
in Odes de Ricardo Reis, 1933
ed. Ática, Lisboa, 1946


> Xisto | Artes Visuais ! Fotografia 
Gérard Castello-Lopes (1925-2011), Portugal/França
(A Pedra) Portugal, 1987, 
prova fotográfica, gelatina e sais de prata 
©  CRO|XISTO|AV|F

quinta-feira, 3 de julho de 2014

UM FIGO FORA DO TEMPO


Eis uma síntese final da história dos figos temporãos: a jovem figueira dos Jardins do Xisto apresentava cerca de uma dezena de figuinhos precoces em meados de Março e um único figo sobrevivente em meados de Junho.

Uma vez colhido e provado, este solitário pingo-de-mel, maduro e doce, soube-nos a muito e soube-nos a pouco. Não temos outro remédio senão esperar pacientemente pelo "tempo dos figos", lá mais para o final do Verão.


> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Figo temporão, Silveira dos Limões, meados de Junho 2014
fotografia digital
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

NO TEMPO DAS CEREJAS

As cerejeiras (Prunus avium), oriundas da Ásia, são árvores magníficas, sobretudo pelas suas flores e pelos seus frutos, mas também pela nobreza da sua madeira. Embora raramente cultivadas na Silveira dos Limões, encontram solos muito apropriados em várias zonas da Beira Baixa, nomeadamente na Cova da Beira, que produz excelentes variedades de cerejas. As que vemos na imagem, saídas fresquinhas do frigorífico e saboreadas enquanto se escreve este texto, foram-nos trazidas do vizinho concelho de Oleiros. Podemos garantir que são doces, de sabor intenso e polpa carnuda. 


> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Malga com cerejas, Silveira dos Limões, Junho 2014
fotografia digital
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)