terça-feira, 18 de novembro de 2014

LIMOEIROS







A julgar pela abundância de limões dos jovens limoeiros dos Jardins do Xisto, bons motivos houve no passado para que tenha sido atribuído a esta pequena povoação beirã o nome de Silveira dos Limões. No entanto, até há pouco tempo, se exceptuarmos os limoeiros dos quintais, apenas um limoeiro solitário, junto ao forno comunitário da Praça da República, fazia justiça ao topónimo local. Actualmente, no âmbito do progressivo trabalho de valorização do espaço público da aldeia, dez novos limoeiros marcam um percurso arborizado, desde a placa de entrada até aos jardins onde termina a rua principal. 






O topónimo Silveira dos Limões é constituído por uma dupla referência botânica: a silveira, ou silva (Rubus ulmifolius), arbusto autóctone de cales espinhosos, muito invasor, e o limoeiro (Citrus limon), árvore de pequeno porte, originária da Ásia, desde há vários séculos cultivada na Europa devido aos seus frutos. Por isso, e sem menosprezar a silveira, que nos dá maravilhosas amoras silvestres, a árvore emblemática desta aldeia só poderia ser o limoeiro.


> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
(1) (2) Limoeiros, na Rua Padre Rodrigues e na entrada da aldeia, 
Silveira dos Limões, 2014
fotografias digitais
©  CRO|XISTO|BIS|JX(RO)

6 comentários:

  1. Recordo-me de uma Silveira da minha infância sem vestígios de limoeiros, já as silvas abundavam principalmente nas "tapadas" que se localizavam nas traseiras dos palheiros. Na época em que não havia água canalizada e as habitações eram desprovidas de sanitários, uma das famosas "tapadas" situava-se onde actualmente é o quintal da minha tia Rosalina.

    Regressando aos deliciosos limões que honram o nome da aldeia diz o Xisto: "Actualmente, no âmbito do progressivo trabalho de valorização do espaço público da aldeia, dez novos limoeiros marcam um percurso arborizado". E, na minha opinião, mais limoeiros deviam ser enraizados na terra, dando continuidade aos trabalhos de arborização. Imagino a povoação circundada de limoeiros, inclusive a área designada de "Eira".

    A aldeia está-se a transformar num jardim com múltiplos jardins. Será caso para afirmar: não é a Silveira que tem os jardins do xisto, mas os jardins do xisto que têm a Silveira. Oxalá os elementos da nossa mãe Terra subsistam em sincronismo harmónico com a Silveira, estendendo-se pelo futuro que, afinal, já é também o dia de hoje.

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    1. Que o futuro é já hoje, ou começa no próximo segundo que passa, é qualquer coisa que merece estar presente. O teu pontual e indispensável comentário compreende memória do passado e propostas que deveriam ser levadas muito a sério. Também eu acredito que uma aldeia-jardim não é uma miragem, que essa aldeia-jardim está ao alcance de todos, quase bastando boa vontade.

      O que pode trazer à Silveira a jardinagem, ou a arborização, que não seja a salvação deste lugar, para o qual apenas se previa um futuro de decadência? Porque não soluções simples e económicas, capazes de dar um novo ânimo a esta parcela do mundo rural?

      De qualquer modo os dados estão lançados, tanto no espaço público da aldeia como aqui no blog. Falta apenas amplificar o eco e reunir a determinação.

      Quanto ao que foi no passado o agora quintal da tua tia Rosa-linda não deixa de ser curioso que exista agora por lá um dos mais extraordinários limoeiros da Silveira. Ao que parece, também o adubo humano tem excelentes propriedades.

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  2. Encontro sempre agradáveis surpresas quando visito este blog. Hoje refiro-me especificamente a este post que, além de interessante no conteúdo e na forma, no texto e na fotografia, nos fala de uma acção tão construtiva como é, por excelência, a de plantar árvores, ainda por cima, árvores de fruto. Na ruína e depressão sem precedentes que caracterizam hoje Portugal, é bom saber que continuam a existir portugueses a criar o belo e o eterno. Não posso deixar de incluir Shanti nesta minha opinião: leio os seus comentários com o mesmo interesse com que leio os posts. Parabéns a todos, e à povoação de Silveira dos Limões e (porque não?) a Portugal.

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    1. Agradeço, em nome deste blog e da comunidade que apoia todo o trabalho que temos desenvolvido. No entanto, muito falta ainda por fazer, para que este projecto se possa tornar verdadeiramente estruturante.

      Quanto aos comentários de Shanti, temos a mesma opinião. Ele tem uma personalidade luminosa e os seus comentários são, por isso mesmo, lúcidos e preciosos, estímulo constante.

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  3. É sempre bom encontrar alguém que partilha as mesmas paixões e dores...
    Os meu parabéns pelo excelente trabalho que tem sido feito em Silveira dos Limões com a recuperação dos fornos comunitários.
    Gostei também bastante de tudo o que vi sobre o seu jardim. Vejo que há por aí muita sensibilidade e paixão.
    Por fim, espero que me aceite como amigo dos "Amigos do jardins do xisto". Terei muito gosto em acompanhar o vosso trabalho.

    Um abraço do Algarve

    Júlio Machado

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  4. Bem haja, Júlio, pelo seu comentário. O projecto que desenvolvemos na Silveira dos Limões apoia-se exclusivamente no trabalho de voluntariado, contra o abandono e ruína desta pequena parcela do mundo rural. Com paixão, evidentemente, e com grande liberdade de criação, dada a ausência de compromissos, na esperança que o exemplo alastre.
    Vamos comunicando e partilhando experiências. Entretanto acabo de incluir o seu nome na lista de Amigos dos Jardins do Xisto..
    Um abraço para o Algarve a partir da Beira Baixa.

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