Na parte mais elevada dos Jardins do Xisto, confluência do Terreiro da Saudade com o novo Jardim dos Medronheiros, um pinheiro-bravo centenário, Pinus pinaster de grande porte, apresenta um dos braços inferiores vergado ao peso de um insólito corpo vegetal, volumoso e compacto, que ao longe parece uma excrescência, ou um enxame, ou ainda uma obra mobile de Alexander Calder, escultor de formas espaciais.
Rara e enigmática "obra da natureza", formada por agulhas de pinheiro, actualmente já não é verde, tem cor da caruma seca. Existe há anos nesta árvore notável e a maior parte dos visitantes dos Jardins do Xisto nunca viu nada assim. Há no entanto quem se lembre de algo idêntico, em aldeias próximas, pendurada "para dar sorte", junto à porta de tabernas ou vendas.
Superstições à parte, parece que esta espécie de escultura, em forma de quase-coração, aérea e efémera, tão estrategicamente localizada, aguardava que o destino a rodeasse de jardins. Bom sinal, uma sorte, portanto.
Nada sabemos sobre tal fenómeno botânico nem como explicá-lo. Se algum dos nossos visitantes ou leitores tiver qualquer tipo de informação científica, ou se conhecer ocorrências semelhantes, agradecemos que partilhe connosco.
|Adenda 1| |30.01.2015|
Segue um conjunto de fotografias que possibilita localizar o "fenómeno" no espaço dos Jardins e explicitar a relação de escalas. (Clicar as imagens)
|Adenda 2| |02.02.2015|
Com base em memórias dos habitantes locais, é de excluir a hipótese zoológica do ninho de esquilo, referida em comentário a este post por Rafael Carvalho. Extintos do território português desde o século XVI, os esquilos (ver também aqui) reapareceram no norte do país, a partir da Galiza, apenas na década de 1980 e só mais tarde na Beira Baixa.
Ora, o "fenómeno" dos estranhos corpos vegetais em pinheiros-bravos da Zona do Pinhal Interior é observado há várias décadas, e a ele estavam associados costumes etnográficos, ou mais precisamente etnobotânicos, que consistiam na localização de tabernas através de sinalização botânica, substituindo tabuletas ou letreiros. Destes antigos costumes rurais, infelizmente, ainda não encontrámos qualquer registo descritivo ou iconográfico.
Segundo nos relata Shanti, na caixa de comentários, "Era então prática comum dos taberneiros, a colheita de raridades vegetais, como 'esculturas' de agulhas de pinheiro, para as pendurarem à entrada das tabernas". Acresce ter sido observado de perto, após a queda das agulhas, o "esqueleto" de tronquinhos emaranhados e contorcidos que sustentava a caruma, como se fosse uma árvore miniatura que tivesse crescido e morrido na extremidade de uma pernada da árvore-mãe.
Ora, o "fenómeno" dos estranhos corpos vegetais em pinheiros-bravos da Zona do Pinhal Interior é observado há várias décadas, e a ele estavam associados costumes etnográficos, ou mais precisamente etnobotânicos, que consistiam na localização de tabernas através de sinalização botânica, substituindo tabuletas ou letreiros. Destes antigos costumes rurais, infelizmente, ainda não encontrámos qualquer registo descritivo ou iconográfico.
Segundo nos relata Shanti, na caixa de comentários, "Era então prática comum dos taberneiros, a colheita de raridades vegetais, como 'esculturas' de agulhas de pinheiro, para as pendurarem à entrada das tabernas". Acresce ter sido observado de perto, após a queda das agulhas, o "esqueleto" de tronquinhos emaranhados e contorcidos que sustentava a caruma, como se fosse uma árvore miniatura que tivesse crescido e morrido na extremidade de uma pernada da árvore-mãe.
Então, como identificar o "fenómeno", como classificar? Será uma anomalia, uma malformação, uma alteração genética?
|Adenda 3| |09.02.2015|
Depois dos fortes ventos da última semana a bola de caruma ficou meio desfeita. E totalmente desfeita qualquer dúvida que restasse.

Subindo uma escada, foi possível tirar fotografias mais esclarecedoras. Dois níveis de zoom permitem observar a estrutura de tronquinhos atrofiados que produziu e sustentou o corpo compacto de caruma, outrora viva, integrando também pinhas miniatura.
Resta conhecer a designação botânica para este fenómeno, como se desenvolve e porquê. Saber ainda se ocorre apenas no Pinus pinaster, se está circunscrito a esta zona do Pinhal Interior, se existe noutras regiões do país ou do mundo.
Subindo uma escada, foi possível tirar fotografias mais esclarecedoras. Dois níveis de zoom permitem observar a estrutura de tronquinhos atrofiados que produziu e sustentou o corpo compacto de caruma, outrora viva, integrando também pinhas miniatura.
Resta conhecer a designação botânica para este fenómeno, como se desenvolve e porquê. Saber ainda se ocorre apenas no Pinus pinaster, se está circunscrito a esta zona do Pinhal Interior, se existe noutras regiões do país ou do mundo.
> Xisto | Banco de Imagens da Silveira (BIS)
Fenómeno botânico em pinheiro-bravo do Terreiro da Saudade,
Silveira dos Limões, 2015
Imagens em Adenda 1: Silveira dos Limões, 2012-2015
Imagens em Adenda 3: Silveira dos Limões, 6.02.2015
fotografias digitais
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